Há dias que eu tento dizer para
mim mesma as coisas que eu preciso ouvir. Há dias que a angustia desses nossos
descaminhos já não cabe mais em mim. Eu preciso aceitar que muita água já passou
e que águas nunca passam sem deixar suas nuances, suas alterações irreparáveis.
Eu preciso entender que a gente se ama sim, mas esse nosso amor tem trilhado
rumos estranhos, e é isso que nos tornamos – estranhas. Eu não quero ser sua obrigação
diária, como essa que você tem de acordar todo dia na mesma hora, comer na
mesma hora, trabalhar, voltar pra casa. Não! Eu me recuso a fazer parte de teu
expediente. Eu quero ser a tua quebra de rotina, o teu lugar de descanso, o teu
ponto de encontro com o que te faz sentir vontade de viver, de ser feliz. “Eu
quero a sorte de um amor tranquilo com sabor de fruta mordida. Nós na batida,
no embalo da rede, matando a sede na saliva”.
12 de outubro de 2012
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Metendo o bedelho onde foi chamado.