29 de dezembro de 2010

Da superficialidade

Passa pelas ruas entre os prédios que a separam de destinos distintos. Ronda-lhe os pensamentos memórias de outros prédios, outros becos, outros rostos, cenas e fatos de outro lugar. Os carros, as roupas que vestem, por todos os lados enojam a menina cansada de outdoors . Mas ela está indo comprar uma coca-cola. Talvez seja a hora de aceitar que todos fazem parte do mesmo jogo, inclusive ela.

18 de dezembro de 2010

Das aparências

Ela fingia gostar do que sempre detestou. Também forjava ódio pelo que sempre desejou. A menina se tornou mulher, amadureceu as dúvidas e assim, permanece uma criança tola. Quem a vê, supõe que seja forte, corajosa, decidida, mas tudo não passa de aparência. Essencialmente ela é frágil, gosta de surpresas, amigos na mesa, festas, casamentos, crianças, e sim, já sonhou tê-las um dia. O tempo tratou de amputar alguns de seus maiores sonhos, tornou-a uma face triste no meio de uma multidão sem rostos. Ela está sempre distante de tudo e de todos.

12 de dezembro de 2010

Da complexidade

Já nascemos acorrentados, talvez pelo castigo do Éden, talvez por que livres, não iríamos nos adequar a este mundinho pré-fabricado. Não vivemos para nós mesmos, mas para os outros. Afinal, o que eles vão pensar? Se ousarmos sair da “linha”, as pedras já estarão armadas, prontas para nos atingir. Somos condenados a sofrer e amargar a dor de não poder gritar o que se sente, o que se mente, o que engasga.

Para onde?

O enfado do cotidiano me impulsiona a cultivar ilusões diárias na ânsia por fuga. Sabe, quando você acorda e sonha estar em outro lugar? Hoje é um desses dias. Risos saltam de minha alma boba, por que apesar de desejar estar distante daqui, não sei para onde ir, não há um lugar melhor, por que pra qualquer lugar que eu for, eu vou junto. Ok. Isso pode ter soado estranho, mas é que o problema não é o lugar, sou eu, entende? Não queria ir comigo a lugar nenhum! Logo eu, que tanto já me satisfiz em estar muito bem acompanhada e só, torno-me hoje, minha pior companhia. Superficialidade eminente que insiste em me aprisionar! Logo a mim, que sempre quis ser diferente, que rejeito todo e qualquer tipo de farsa, eu mesma, sou sua refém, e pior que nem sei com quais armas lutar.

5 de dezembro de 2010

De olho no nariz

Dia desses mamãe ficou me olhando fixamente e soltou uma perola: “menina, o seu nariz cresceu!”. Fiquei desconfiada, fui para o espelho e tentei encarar esse fato, mas eu não consegui enxergar nada de diferente em meu nariz.

Como sempre vagueio em pensamentos, ali mesmo, diante do espelho, comecei a pensar na vida. Sigo tentando reaver alguns valores, quebrar outros, ser mais sincera, mais honesta, menos tensa, mais segura, menos farsa.

Agora entendo. Meu nariz está mesmo crescendo, mas daquela forma, subjetiva sabe? É que eu me tornei uma mentira chata e monótona, e uma hora, todos vão acabar percebendo isso. Talvez seja esse o momento do "Ufa"!