Quando A deseja provocar determinado comportamento em B sem manifestá-lo explicitamente, e B obedece sem se dar conta de que está se comportando exatamente como A deseja, estabelece-se o que se chama de manipulação.
Esse tem sido o papel da mídia no caso Isabella, não por acaso! Com a morte da menina a audiência dos telejornais cresceu até 46% na primeira quinzena de abril. O fenômeno talvez explique a ampliação dos horários de programas noticiosos, a inclusão do tema em atrações de culinária e a mobilização permanente de ao menos 60 jornalistas para acompanhar o caso na delegacia.
Mas afinal, o que é este quarto poder? Essa expressão refere-se ao poder da mídia quanto a sua capacidade de manipular a opinião pública, a ponto de ditar regras de comportamento e influir nas escolhas dos individuos e por fim da propria sociedade.
Mas afinal, o que é este quarto poder? Essa expressão refere-se ao poder da mídia quanto a sua capacidade de manipular a opinião pública, a ponto de ditar regras de comportamento e influir nas escolhas dos individuos e por fim da propria sociedade.
O que temos visto nos últimos dias senão uma lamentável novela de quinta categoria em torno da morte dessa criança? Hoje ja faz um mês do episódio trágico e este ainda é o assunto principal dos telejornais. Até aí tudo bem... Mas o que um programa de culinária tem a ver com isso? Ou um programa de esportes?
A “ sede de justiça” esta motivando tal execução da midia? Bom, os numeros acima demonstram que não é bem esse o caso. O que estamos assistindo é um verdadeiro triunfo da hipocrisia!
De repente a sociedade torna-se espectadora de um assassinato, como se fosse um seriado ou uma novela. Todo dia espera-se um novo capitulo.
Tal comportamento explica-se segundo o fato de que hoje os meios de comunicação, notadamente a televisão, constituem-se em poderosos instrumentos de manipulação e de persuasão, sendo na atualidade os maiores formadores não só de opinião como de comportamentos, hábitos e atitudes.
A partir daí, infere-se que a mídia colabora como nenhum outro tipo de controle social para o processo de massificação da sociedade. O resultado é que temos cada vez mais uma sociedade de massas e menos uma sociedade de públicos seletos e capazes de opinião própria.
Tudo isso é muito bom para as emissoras, é ótimo para os vendedores ambulantes que estão vendendo como nunca na frente da delegacia ou na frente da casa dos Nardoni, enfim... tem muita gente lucrando às custas da dor de uma mãe que precisa de respostas, de uma família que se vê acuada pela “Liga da Justiça” olho por olho, dente por dente!
E lá se vai mais um dia de exibição dessa novela chamada Isabella. Canal? qualquer um! Horário? Durante as manhãs, tardes e noites! Com direito a reprise nos fins de semana!
Quero deixar bem claro que desejo sim que seja feita justiça nesse caso e em tantos outros que acontecem todos os dias, mas que não são tão interessantes assim para a midia. Sabe o que acontece? Trata-se de um crime cometido pela elite. E bater em quem não tem poder não tem significado. Bater em quem tem poder, sim! Chama-se violência! Talvez por isso não saia nos jornais o caso de um pai que matou uma filha a pauladas numa favela qualquer do país.
Sinceramente, essa novela não tem minha audiência! Sou muito selecta quanto ao que ouço e vejo.
Referências:
MARTINS, Rodrigo . Júri Popular. Carta Capital
BARBOSA, Maria Lúcia Victor. Considerações sobre o Quarto Poder. 27 de julho de 2002.
Referências:
MARTINS, Rodrigo . Júri Popular. Carta Capital
BARBOSA, Maria Lúcia Victor. Considerações sobre o Quarto Poder. 27 de julho de 2002.