2 de abril de 2011

Duas almas, um só corpo

No momento sou duas. Duas almas distintas lutam por meu corpo, que relutante, insiste em ser das duas. Uma quer que eu me solte de tudo que vivi até hoje, por que segundo ela, foi uma mentira, não era eu, era uma farsa, algo criado na intenção de ser aceita, e a outra me diz que nada disso é verdade, que o que eu tenho sido até hoje é exatamente aquilo que sou. Minha razão grita para as duas que nem uma nem outra estão certas. Ocorre que eu acredito em Deus, isso está em mim de uma forma tão entranhada que dificilmente poderá um dia mudar, acontece que acreditar nesse Deus me penaliza por saber que Ele não me daria abrigo, caso eu decida assumir a alma que me diz que sou uma farsa. É tudo tão angustiante, não consigo me desprender desse impasse. Adoraria acordar um dia com meus conceitos mudados, perder um pouco do medo de Deus, ganhar um pouco mais da sua misericórdia, sorrir ao perceber que Ele jamais me deixará, mesmo que eu assuma que até aqui, menti. Esse quarto aqui tem em suas paredes meus segredos, às vezes de tão sufocantes eu os falo baixinho, pra eu mesma ouvir, ou quem sabe, numa forma de oração indignada. “Por que isso foi acontecer comigo? Arranca isso de mim ou então me traz a paz que eu preciso pra respirar aliviada! Eu me desprendi de boa parte dos dogmas que regeram minha vida até aqui, eu não os quero mais, eu não mais os suportaria. Mas e a fé num Deus Santo, que odeia o pecado? O que eu posso fazer com ela? Mudar a natureza de Deus? Mudar a minha própria natureza? Definir novos padrões para o que é ou não pecado? Por acaso criar minha própria forma de interpretar o livro sagrado me traria algum tipo de alivio? Isso também não seria uma mentira? Chego ao fim desse desabafo sabendo exatamente a qual das almas eu pertenço, e é isso que está me matando.

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Metendo o bedelho onde foi chamado.